Em junho de 2016, uma empresária de 36 anos chamada Ruja Ignatova subiu ao palco no famoso estádio de Wembley, em Londres, diante de milhares de fãs entusiasmados com a ascensão das criptomoedas. Como de costume, ela vestia uma cara roupa de gala, brincos de diamantes e batom vermelho.
À multidão ela disse que a OneCoin estava a caminho de se tornar a maior criptomoeda do mundo, permitindo que “todo mundo possa realizar pagamentos em qualquer lugar”.
A OneCoin, Ruja disse ela ao público em Wembley, seria a “assassina da Bitcoin”. “Em dois anos, ninguém vai mais falar de Bitcoins”, ela gritou.
Ruja Ignatova se autoproclamava “cripto-rainha” e criadora de uma criptomoeda rival da Bitcoin. Até que, dois anos atrás, ela simplesmente desapareceu.
Antes disso, ela convenceu pessoas de todo o mundo a investir suas economias na OneCoin, na expectativa de altos retornos.
Documentos sigilosos a que a BBC teve acesso mostram que britânicos gastaram quase 30 milhões de libras (R$ 161 milhões) em OneCoin nos primeiros seis meses de 2016. Há também registro de investimentos vindos de países como Paquistão, Noruega, Canadá, Iêmen e também do Brasil.
Mas esses investidores não sabiam de algo muito importante.
Primeiro, é preciso explicar como funciona uma criptomoeda, algo notoriamente difícil — uma simples busca online resulta em centenas de descrições diferentes. Mas o princípio básico é este: o dinheiro só tem valor, porque acreditamos em seu valor e confiamos nele. Por muito tempo, foram criadas versões independentes de dinheiro, mas como não havia quem confiasse no valor delas, fracassaram.
A Bitcoin causou empolgação porque resolveu esse problema: ela depende de uma base de dados chamada blockchain e, a cada vez que uma Bitcoin troca de mãos, o registro disso vai para a blockchain de cada usuário, embora ninguém esteja no comando da moeda. Isso evita que ela seja forjada, hackeada ou aplicada duplicadamente.
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