Está oficialmente encerrada a era Jorge Jesus no Flamengo. O clube confirmou a saída do treinador, que comunicou à diretoria a decisão de aceitar a proposta do Benfica. O Mister almoçou com o vice-presidente de futebol, Marcos Braz, no restaurante em seu condomínio, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
– O Clube de Regatas do Flamengo informa que, em reunião realizada na tarde desta sexta-feira (17), o técnico Jorge Jesus comunicou que, exercendo seu direito contratual, está se desligando do Clube para voltar para Portugal. Apesar de lamentar a perda de seu vitorioso técnico, o Flamengo respeita esta decisão pessoal – diz a nota oficial divulgada pelo Flamengo.
Parte da torcida parece estar satisfeita com a possibilidade de Leonardo Jardim ser o substituto de Jorge Jesus, seu compatriota, no Flamengo – tanto que diversos perfis de rubro-negros invadiram o do técnico de 45 anos nas redes sociais. Internamente, o Rubro-Negro tem o treinador como o principal alvo, sobretudo pelo nome agradar membros do departamento de futebol e estar livre no mercado.
Outros nomes gringos também estão sendo estudados, e o de Jardim agrada também pelo perfil ofensivo. Nascido na Venezuela e filho de imigrantes portugueses, foi para a Madeira – ainda aos três anos – e deu os primeiros passos na profissão como auxiliar, em equipes pequenas de Portugal.
Como técnico, cujo sonho foi exposto aos pais quando tinha 15 anos (motivado a dirigir o Sporting de Lisboa), Jardim teve o seu trabalho inicial em 2003, no Camacha (POR), onde ficou por cinco temporadas.
– Ele sempre quis ser treinador. Enquanto a maior parte dos miúdos (crianças) sonha ser jogador, ele sonhava ser treinador – falou o pai Antônio, em entrevista ao site lusitano “Mais Futebol”.
– O treinador adora complicar tudo: que não tem campos para treinar, que não tem condições e que assim não pode trabalhar. Ele é o contrário, não complica. Trabalha com o que há, não arranja problemas e, quando eles aparecem, e apareciam muitos, tratava de os resolver com o mínimo de danos – disse Marcelo Delgado, ex-presidente do Desportivo de Chaves, um dos primeiros clubes a abrir as portas para Leonardo ser técnico profissional.
– O que mais me surpreendeu na primeira conversa com ele foi a capacidade de simplificar as coisas – completou Delgado.
Apesar do histórico em Portugal e da passagem efêmera, mas exitosa, na Grécia (Olympiacos), Leonardo Jardim viveu o seu auge (até aqui) na França – mais precisamente no Monaco.
Leonardo Jardim, assim como Jorge Jesus, é conhecido por ser ofensivista, ou seja, montar equipes que visam o ataque incondicionalmente. Em seu trabalho de maior sucesso, utilizou um tradicional 4-4-2 na equipe do Principado, recheada de alternativas para criar, tanto pelos flancos, quanto por dentro.
O Monaco daquele ano contava com dois laterais contundentes no apoio (Sidibé e Benjamin Mendy), dois volantes construtores (como Fabinho e João Moutinho), dois meias dinâmicos e criativos (Lemar e Bernardo Silva) e
dois “avançados” de peso: Falcao García e Mbappé. Jardim moldava a sua equipe sem grandes variações, mas com imposição física e controle das ações, com a bola chegando ao ataque com objetividade e verticalidade, quase sempre (mais uma proximidade com o Flamengo de Jorge Jesus…).
O time de 2016/17 elevava as suas individualidades através do coletivo, o que acabou fazendo com que muitas peças, nas temporadas seguintes, rumassem para clubes de maior expressão na Europa – como Mendy e Bernardo Silva (Manchester City), Lemar (Atlético de Madrid), Mbappé (PSG) e Fabinho (Liverpool).
DEIXOU GUARDIOLA PELO CAMINHO
Nas Liga dos Campeões de 2016/17, faltou um passo para a final, já que o time monegasco parou nas semifinais, sendo eliminado para a Juventus. Antes, eliminou Manchester City (de Pep Guardiola), após confrontos épicos, e Borussia Dortmund, permitindo que o nome de Jardim ecoasse como um dos mais promissores do Velho Continente.
Globoesporte.com e Lancenet.com