Adversário de Trump nas eleições, bilionário já gastou US$ 401 mi do patrimônio pessoal, em campanha

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A estreia do bilionário Michael Bloomberg no debate transmitido hoje à noite de Las Vegas, no estado americano de Nevada, promete trazer uma nova dinâmica à corrida pela candidatura à Presidência no Partido Democrata. Bloomberg não concorre oficialmente nem em Nevada, sábado, nem na Carolina do Sul, no próximo dia 29. Mas sua ascensão nas pesquisas de opinião lhe garantiu espaço no debate.

Em sondagens nacionais, ele já aparece em segundo lugar, empatado com Joe Biden atrás do líder Bernie Sanders. Na Flórida, Arkansas e Virgínia, chegou a figurar em primeiro. Sua estratégia foi ignorar as disputas nos estados iniciais – Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul – e apostar pesado nas 16 disputas previstas para a Super-Terça, dia 3 de março, quando estará em jogo um terço dos 3.979 delegados da convenção nacional em julho.

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Até agora, Bloomberg já gastou com sua candidatura US$ 401 milhões da própria fortuna – estimada em mais de US$ 60 bilhões. É o maior valor já gasto por um candidato do próprio bolso na história americana. Decidiu não aceitar um centavo de contribuições alheias. Só conseguiu se qualificar para o debate de hoje porque o Partido Democrata suspendeu o critério que exigia doações individuais de mais de 225 mil pessoas, uma medida da capilaridade da campanha.

Permaneceu o critério que exige um mínimo de 12% em duas pesquisas em Nevada ou Carolina do Sul, ou de 10% em quatro pesquisas nacionais e nesses estados. Na última hora, duas pesquisas trouxeram ontem Bloomberg em segundo lugar e cumpriram a exigência para o debate. Será a primeira vez em que a propaganda com que tem inundado o país será submetida a questionamento.

Ao ignorar as quatro corridas iniciais, que juntas valem apenas 155 delegados, Bloomberg deu espaço para que outros candidatos, em particular Pete Buttigieg e Amy Klobuchar, enfraquecessem a candidatura Biden, até janeiro tida como favorita. Com o derretimento de Biden, ele pode se apresentar como alternativa viável ao eleitor moderado que considera Sanders um esquerdista tresloucado, incapaz de derrotar Donald Trump.

Nem Buttigieg nem Klobuchar têm alcance nacional capaz de ameaçar a máquina de campanha de Bloomberg. Biden, quarto e quinto lugar nas disputas em Iowa e New Hampshire, perdeu espaço em Nevada e tentará uma cartada de desespero na Carolina do Sul, onde o eleitorado mais diverso tende a favorecê-lo. Bloomberg nem parece se preocupar com ele. Seu maior desafio agora é superar Sanders.

Sanders mobiliza há anos o movimento por sua candidatura. Faz sucesso com jovens e tem penetração razoável entre minorias como negros e hispânicos. Seu eleitorado cativo é o mais fiel entre todos os concorrentes. Isso lhe garante entre 20% e 25% dos votos em praticamente todos os estados. Numa disputa fragmentada, pode não ser o suficiente para obter a maioria dos delegados, mas certamente basta para chegar em primeiro lugar na convenção.

Depois da Super-Terça, o formato da corrida ficará mais claro. Se nenhum dos candidatos que postulam ao posto de “moderado” desistir, esse campo permanecerá fragmentado. Aquele que chegar na frente dos demais – Bloomberg é quem tem mais chance – se esforçará para que Sanders não obtenha a maioria, mesmo que chegue em primeiro.

Só assim terá chance de virar o jogo na convenção de julho em Milwaukee. Depois da primeira rodada de votação, com os 3.979 delegados eleitos, terão direito a voto também 771 líderes partidários conhecidos como “super-delegados”. Predominantemente ligados ao establishment, tendem a apoiar qualquer nome que aglutine as forças contrárias a Sanders, possivelmente Bloomberg.

Se, em contrapartida, Buttigieg, Klobuchar ou Biden decidirem desistir ao perceber que não terão força para financiar a batalha contra Bloomberg e Sanders, a corrida se transformará numa disputa entre dois candidatos. Será um jogo de soma zero, em que qualquer um deles pode obter maioria. Provavelmente, mais favorável a Bloomberg, já que Sanders jamais atraiu mais da metade do partido.

Como Trump em 2016, Sanders é favorecido pela fragmentação entre os adversários. Bloomberg, pela capacidade de investir uma fortuna em qualquer disputa e pela chance de se tornar a opção anti-Sanders a partir do segundo turno de uma convenção disputada, em que nenhum dos candidatos chega com a maioria.

G1

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