Na França, ataque a faca deixa mortos e feridos na Basílica de Nice

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Um ataque a faca deixou três mortos e vários feridos na manhã desta quinta-feira (29) na Basílica Notre-Dame de Nice e arredores na França.

O prefeito da cidade, Christian Estrosi, afirmou que um suspeito foi baleado e preso, classificou o ataque como terrorismo e disse que o homem gritou “Allahu Akbar” (Deus é grande).

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Segundo a imprensa local, uma vítima foi decapitada e o suspeito está internado em estado grave.

A Assembleia Nacional da França interrompeu uma sessão em que discutia medidas para combater a Covid e fez um minuto de silêncio pelas vítimas do ataque.

Estrosi afirmou que “é hora de a França se exonerar das leis da paz para erradicar definitivamente o islamo-fascismo de nosso território”.

A Procuradoria antiterrorismo do país abriu uma investigação sobre o incidente, que ocorreu por volta das 9 horas (6 horas no horário de Brasília).

O ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, anunciou uma reunião de crise com a presença do presidente Emmanuel Macron, que depois irá a Nice.

Ataques terroristas

A basílica fica no coração da cidade da Riviera Francesa, que já tinha sido alvo de um ataque terrorista com 84 mortos em 2016.

Na ocasião, um caminhão atropelou diversas pessoas que assistiam à queima de fogos em comemoração ao 14 de Julho, o Dia da Bastilha.

O Passeio dos Ingleses, onde ocorreu o ataque de 2016, fica a cerca de 1 quilômetro da Basílica Notre-Dame.

O ataque desta quinta ocorre 13 dias após a decapitação de Samuel Paty, professor que mostrou uma charge de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão.

Caricaturas do profeta Maomé são considerados blasfêmia pelos muçulmanos.

Não está claro o motivo do ataque em Nice ou se há conexão com a morte de Paty. Mas o prefeito da cidade lembrou da decapitação e falou que o país precisa “erradicar definitivamente o islamo-fascismo”.

A charge mostrada por Paty era da revista satírica “Charlie Hebdo”, que também foi alvo de um atentado terrorista em 2015. Por questões de segurança, a redação do periódico mudou para um local não informado após o atentado.

Em setembro de 2020, um outro atentado terrorista deixou duas pessoas gravemente feridas perto do local onde funcionava a antiga redação do “Charlie Hebdo”. O ataque ocorreu na época do julgamento de 14 acusados de cumplicidade pelo atentado de 2015.

A morte de Paty causou comoção em toda a França. Milhares saíram às ruas em Paris para homenagear o professor, que recebeu a maior honraria do governo francês, a “Legion d’Honneur”. No funeral, Macron afirmou que “não renunciaremos às caricaturas”.

“Nós continuaremos, professor. Nós defenderemos a liberdade que você ensinava tão bem e nós levaremos a laicidade. Nós não renunciaremos às caricaturas e aos desenhos”, afirmou Macron.

Reação muçulmana

A dura resposta da França, no entanto, levou a reações contrárias em diversos países de maioria muçulmana.

No fim de semana, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, criticou duramente Macron e afirmou que o líder francês precisava de um exame de saúde mental. Em retaliação, a França convocou seu embaixador em Ancara.

Na segunda-feira (26), o presidente turco pediu um boicote aos produtos franceses. Macron rebateu dizendo que redobraria os esforços para impedir que as crenças islâmicas conservadoras subvertessem os valores franceses.

A declaração irritou muçulmanos, e diversos países registraram protestos contra a França.

Na quarta-feira (28), Erdogan afirmou que os países ocidentais que atacam o islamismo querem “relançar as cruzadas” e que permanecer contra os ataques a Maomé era “uma questão de honra para nós”.

O presidente do Egito, Abdel-Fattah al-Sisi, afirmou que a liberdade de expressão deveria parar de ofender mais de 1,5 bilhão de pessoas, mas ressaltou que rejeitava qualquer forma de violência ou terrorismo, de qualquer pessoa, em nome da defesa da religião, de símbolos religiosos ou de ícones.

Defesa à França

Em meio à escalada de tensão, o chanceler da Grã-Bretanha, Dominic Raab, pediu aos aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que se posicionem do lado dos valores da tolerância e da liberdade de expressão.

A declaração foi uma repreensão velada à Turquia, que é membro da Otan. “O Reino Unido se solidariza com a França e o povo francês após o terrível assassinato de Samuel Paty”, disse Raab em um comunicado. “O terrorismo nunca pode e nunca deve ser justificado.”

“Os aliados da Otan e a comunidade internacional em geral devem estar ombro a ombro com os valores fundamentais da tolerância e da liberdade de expressão, e nunca devemos dar aos terroristas o presente de nos dividir”, afirmou Raab.

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